A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) reuniu, na tarde de ontem, em Vitória, os municípios que receberão as 350 mil doses da vacina contra febre amarela, enviadas pelo Ministério da Saúde. No encontro, o secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, reforçou que esta é uma vacinação cautelar, medida preventiva adotada pelo Estado e pelo Ministério, uma vez que não há confirmação da doença no Espírito Santo. As 350 mil doses da vacina já chegaram ao Estado e estão sendo liberadas para as Regionais de Saúde, onde os municípios poderão retirar a partir de hoje.
“A posição que estamos é de liderança, por isso temos que conduzir com tranquilidade esse cenário, pois não há motivos para pânico. O Espírito Santo não é considerado área de risco para febre amarela. Quem mora nessas 26 cidades serão vacinados preventivamente e este bloqueio irá beneficiar e proteger toda a população do Estado”, ressaltou Oliveira aos prefeitos, secretários municipais de saúde e representes dos municípios presentes na reunião.
Serão vacinados os moradores dos municípios que fazem divisa com Minas Gerais, onde estão sendo investigados casos da doença, e também pelo fato de a região ser formada por uma mata contínua, sem barreiras com o Estado.
Os municípios que irão vacinar a população como medida cautelar são: Água Doce do Norte, Alto Rio Novo, Baixo Guandu, Barra de São Francisco, Brejetuba, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Guaçuí, Ibatiba, Ibitirama, Irupi, Iúna, Laranja da Terra, Mantenópolis, Montanha, Mucurici, Pancas, Afonso Cláudio, Ecoporanga, Colatina, Itaguaçu, Governador Lindenberg, Conceição do Castelo, Venda Nova do Imigrante, São Roque do Canaã e São Gabriel da Palha.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Danielle Grillo, conversou com os municípios sobre as recomendações para vacinação contra a febre amarela e deu algumas orientações. Segundo ela, a vacinação imediata contra febre amarela deve ser, preferencialmente, para pessoas que vivem em áreas rurais dos municípios e para quem nunca se imunizou contra a doença.
Para o restante do Estado, a recomendação de vacinação continua a mesma: apenas pessoas que vão viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata localizadas em áreas de risco para febre amarela. As vacinas para atender a este público – 150 mil doses solicitadas ao Ministério da Saúde – devem chegar ainda nesta semana.
No Brasil, quase todos os estados têm regiões com recomendação de vacinação. Além do Espírito Santo, os estados que não têm recomendação para vacina são Rio de Janeiro, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Casos suspeitos - A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) recebeu a notificação de seis casos suspeitos com quadro indicativo de febre amarela, febre maculosa, dengue e outras doenças com sintomas semelhantes. Os casos são de zona rural e estão sendo investigados. Até o momento, não há confirmação da doença no Espírito Santo.
Vacinação - A vacinação contra febre amarela segue critérios recomendados pelo Programa Nacional de Imunizações. O Ministério da Saúde alerta que, nos casos de pacientes com imunodeficiência, a administração da vacina deve ser condicionada à avaliação médica de risco-benefício. Pessoas com histórico de reação alérgica a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina e outros produtos com proteína bovina), além de pacientes com histórico anterior de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, ausência de timo ou remoção cirúrgica) também devem buscar orientação profissional.
O Ministério da Saúde passou a recomendar a aplicação de duas doses da vacina contra febre amarela, válidas para a vida toda. O viajante deve buscar uma unidade municipal de saúde caso ainda não tenha tomado a primeira dose da vacina ou a dose de reforço. Se for a primeira vez que a pessoa é vacinada, a dose deve ser aplicada pelo menos dez dias antes da viagem para que o organismo produza anticorpo contra a doença.
Quanto aos viajantes internacionais, alguns países exigem a apresentação do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), que é obtido mediante apresentação do Cartão Nacional de Vacinação – comprovante válido em todo o território brasileiro – em um Centro de Orientação do Viajante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No Espírito Santo, o Centro de Orientação do Viajante funciona no aeroporto de Vitória.
Ações - A Secretaria de Estado da Saúde está monitorando a situação epidemiológica. Entre outras ações, está a criação do gabinete de monitoramento; reunião com especialistas; reunião com os prefeitos e secretários municipais de saúde dos municípios onde haverá vacinação cautelar; reunião com área técnica da Imunização dos municípios; elaboração do Protocolo de Manejo Clínico; além de capacitações sobre manejo clínico da doença e sobre protocolos de indicação para vacinação.
Febre amarela - Uma pessoa com febre amarela apresenta, nos primeiros dias, sintomas parecidos com os de uma gripe. Entretanto, esta é uma doença grave, que pode complicar e levar à morte. Os sintomas mais comuns são febre alta e calafrios, mal-estar, vômito, dores no corpo, pele e olhos amarelados, sangramentos, fezes cor de “borra de café” e diminuição da urina.
A febre amarela silvestre é transmitida pela picada de mosquitos Haemagogus e Sabethes, que vivem em matas e vegetações à beira dos rios. Quando o mosquito pica um macaco doente, torna-se capaz de transmitir o vírus a outros macacos e ao homem. A forma silvestre da doença é endêmica nas regiões tropicais da África e das Américas.
Nas cidades, a doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue, zika e chikungunya. Pessoas que fazem ecoturismo ou que entram em matas por algum outro motivo, correm o risco de serem picadas pelo mosquito Haemagogus infectado e contrair a doença. De volta à área urbana, essas pessoas podem ser picadas pelo Aedes aegypti, podendo dar início à reurbanização da doença. O último caso de febre amarela urbana no Brasil ocorreu no Acre em 1942.
Uma vez que a febre amarela no meio urbano é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, eliminar depósitos que possam acumular água é uma das medidas de prevenção. Por isso, é importante que a população eleja um dia fixo da semana para combater o mosquito em casa, e, assim, impedir a proliferação do vetor eliminando seus criadouros.
FOTO: Divulgação / Sesa
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