A indústria do petróleo e gás está entre os setores que estão se reinventando para superar a pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Entre as oportunidades da área estão as atividades de descomissionamento de plataformas, cujos desdobramentos foram acompanhados de perto pela Secretaria de Desenvolvimento (Sedes), que em março deste ano teve cinco propostas acatadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), que contribuíram para a criação da proposta de regulamentação do sistema nacional de descomissionamento de plataformas de petróleo.
A assessora Especial da Sedes, Fabrine Schwanz, que liderou as discussões do tema junto ao Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), explica que Resolução nº 817, de 24 de abril de 2020 trouxe estabilidade jurídica para o mercado do Descomissionamento. “Essa nova regulamentação torna viável a exploração do potencial previsto e anunciado pela Petrobras, que entre os anos de 2020 e 2024, prevê realizar o descomissionamento de 18 plataformas, o que totaliza um investimento previsto de 6 bilhões de dólares”, reforça.
O Espírito Santo será o palco da execução do primeiro contrato de descomissionamento de plataformas de petróleo da Petrobras. As três plataformas fixas estão localizadas no campo de Cação e serão descomissionadas pela empresa Triunfo, que já assinou o contrato com a petroleira. Estima-se que para os próximos cinco anos sejam contratados R$ 26 bilhões em serviços de descomissionamento somente pela Petrobras.
O secretário de Estado de Desenvolvimento, Marcos Kneip, alerta para a velocidade com que o mercado está se comportando em relação aos novos serviços e oportunidades que poderão ser gerados pelas atividades de descomissionamento.
“Estamos tratando de um mercado que envolve sucata, apoio marítimo, equipamentos submarinos dentre vários serviços de apoio offshore. A parceria com empresas internacionais será crucial para o desenvolvimento do mercado no Brasil e no Espírito Santo. É preciso estar atento aos novos rumos na cadeia de petróleo e gás”, destaca.
A especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental da Sedes, Fernanda Orletti, que defendeu as propostas da secretaria junto à ANP, ressalta que este é um momento em que as empresas locais precisam mostrar que estão preparadas para acolher a demanda.
“Anteriormente à pandemia, faltava demanda em relação ao descomissionamento. Agora ela surge. Em meio às incertezas que muitas empresas possuem, se conseguirão sobreviver no momento pós-Covid19, o que surge agora é a pergunta: teremos capacidade para absorver tudo o que será ofertado no mercado?”, questiona.
Para a especialista Fernanda Orletti saem na frente as empresas com maior planejamento. “As relações de trabalho mudaram, e para a cadeia do petróleo e gás isso não seria diferente. Diante dos desafios de um novo padrão de oferta e demanda é necessário rever o planejado, buscar oportunidades e diversificar os serviços a serem ofertados. Ganha força nesse cenário incerto um ramo de serviços que tenta se solidificar no mundo e que agora deve ganhar a sua fatia no mercado muito mais rápido do que muitos esperavam”.
No último mês de março, o Brasil produziu 2,973MMbbl/d de petróleo e 122MMm³/d de gás natural, sendo que 96,7% da produção de petróleo e 85,4% de gás natural foram provenientes dos atuais 629 poços marítimos de produção, de acordo com o boletim mensal da ANP.
As unidades estacionárias de produção (UEP) possuem vida útil, que em média são de 25 anos, quando a produção de petróleo e gás se torna desvantajosa. Ocorre, assim, o encerramento das atividades, a remoção das estruturas e a recuperação ambiental do local onde estão instaladas. Isto é, o descomissionamento, que ocorre da desativação das instalações, preparação para abandono dos poços, desmantelamento e a remoção dos equipamentos.
A série Potencialidades do ES será publicada pela Sedes ao longo do mês de maio, trazendo dados, reflexões e oportunidades paras as empresas capixabas neste momento de pandemia.
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