O número de detentos trabalhando no campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) vai aumentar nos próximos dias. Mais 20 internos, que cumprem pena em regime semiaberto, serão contratados pela Universidade devido à boa receptividade da comunidade universitária à parceria firmada com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus).
Desde o início de junho, 20 internos atuam como auxiliar de serviços gerais no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) da universidade. Com as novas contratações, o número de detentos atuando no campus passará para 40 e poderá crescer, nos próximos meses, de acordo com a demanda da Ufes e a disponibilidade da Sejus. Pelo convênio firmado entre os parceiros, o número de internos trabalhando na Universidade pode chegar a 150.
O prefeito universitário Renato Schwab explica que a experiência no CCJE está sendo muito positiva e, por isso, a Ufes decidiu ampliar as oportunidades de emprego para os internos.
“Havia uma expectativa em relação à receptividade por parte da comunidade universitária e a nossa intenção, inicialmente, era fazer uma experiência durante 90 dias para analisarmos a possibilidade de ampliar o número de trabalhadores no campus. Mas o retorno foi tão positivo que decidimos abrir mais vagas já no segundo mês de atividades”.
Inclusão digital
De acordo com o prefeito universitário, outros diretores de Centros de Ensino já demandaram a Universidade, interessados em contar com a mão de obra dos detentos e em contribuir, de alguma forma, para a inclusão social dessas pessoas na Ufes.
“Está ocorrendo uma movimentação de vários setores da Universidade para oferecer contrapartidas para os detentos que estão em processo de reintegração à sociedade. Todos estão buscando uma forma de colaborar como a oferta de capacitações e apoio jurídico, por exemplo”, disse Schwab.
Algumas ações estão sendo estudadas como um projeto de extensão desenvolvido em parceria pelos departamentos de Direito, Serviço Social e Biblioteconomia e a consultoria jurídica para internos do sistema prisional por meio do Núcleo de Práticas Jurídicas.
A gerente de Educação e Trabalho da Sejus, Regiane Kieper do Nascimento, ressalta que essa troca entre a Universidade e a Secretaria vai trazer benefícios aos internos.
“Essa parceria vai potencializar o trabalho de ressocialização desenvolvido pela Sejus, principalmente nas áreas de educação e qualificação, oferecendo oportunidades para que os internos possam retornar à sociedade melhor preparados para o mercado de trabalho. É uma troca positiva para todos, pois alunos, professores e internos serão beneficiados e poderão aprender uns com os outros”.
Recepção
Antes de iniciarem o trabalho na Ufes, os internos participaram de um evento de recepção, com a participação do reitor Reinaldo Centoducatte e da vice-reitora Ethel Maciel, além de gestores da Ufes e representantes da Sejus e do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).
Durante a recepção, os detentos assistiram a uma palestra sobre relações interpessoais no trabalho e aprenderam um pouco sobre a Universidade.
Órgãos públicos
Desde novembro de 2010, detentos que cumprem pena em regime semiaberto, e possuem autorização da justiça para deixar o presídio e trabalhar, atuam em órgãos públicos.
Atualmente, 150 internos atuam em locais como a Ceasa, o Procon/ES, o Hospital Silvio Avidos, em Colatina, a Rádio e Televisão do ES (RTV/ES), a Secretaria de Estado de Governo (SEG), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) e as Prefeituras de Viana e Vila Velha.
Seleção dos presos
Para selecionar os detentos que podem trabalhar, é feita uma rigorosa avaliação por uma equipe multidisciplinar. Só são escolhidos aqueles que cumprem os requisitos exigidos pela Sejus, como ter escolarização, ter desenvolvido trabalhado voluntário em atividades de apoio à unidade, ter demonstrado interesse pelo trabalho, ter bom comportamento e qualificação profissional exigida para a função.
Conforme prevê a Lei de Execução Penal, os detentos que trabalham são beneficiados com a remição da pena. Desta forma, a cada três dias de trabalho, um dia é abatido da pena a ser cumprida.
Os internos trabalham de segunda a sexta, totalizando 40 horas semanais. Eles recebem uniforme, alimentação, transporte e são remunerados com um salário mínimo, conforme estabelecido no Programa de Responsabilidade Social e Ressocialização da Sejus.
FOTO: Divulgação / Sejus
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