Há cerca de sete meses, a rotina do ex-aluno da rede estadual de ensino Gustavo Cremonini sofreu uma grande mudança. Com apenas 17 anos, o jovem saiu da casa dos pais, no município de Anchieta, para morar em Santa Teresa, onde desde o início deste ano ocupa uma vaga no curso superior de Engenharia Agronômica ofertado pelo Instituto federal do Espírito Santo (Ifes).

A conquista dessa vaga, conta Gustavo, foi resultado de muito esforço e estudo. Filho de um agricultor e de uma pedagoga, ele sempre frequentou a rede pública. “A agricultura sempre esteve presente em minha vida. E minha mãe sempre reforçou que a única coisa que ninguém pode tirar de mim é o meu conhecimento, aquilo que eu aprendo”, relata.

Situação parecida vive Girlene dos Santos, de 18 anos. Aprovada no curso de Biologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Girlene também passou pela necessidade de sair da sua cidade Natal, Muqui, e seguir para Alegre, onde iniciou a nova etapa da vida como universitária. Atualmente no segundo período da faculdade, ela diz que a mudança valeu a pena.

Para ela, a conquista representa a superação de obstáculos e um motivo de orgulho para a mãe, que trabalha como doméstica. “Teve um época que eu achei que ingressar no ensino superior era algo impossível, fora da realidade. Mas a aprovação me trouxe uma sensação de realização pessoal muito grande, de alegria para a minha família e de agradecimento aos meus professores”, completa.

Essas não são as únicas semelhanças na história de Gustavo e Girlene: os dois estavam entre os cerca de 2,5 mil estudantes beneficiados pela primeira edição do curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio, intitulado Pré-Enem Digit@l, ofertado em 2016 pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu) em parceria com a Escola de Serviço Público do Espírito Santo (Esesp).

A iniciativa foi realizada em diversos polos espalhados pelo Espírito Santo, beneficiando estudantes que iriam realizar o exame. Além de aulas específicas que reforçavam conhecimentos de Matemática e Redação, que totalizaram mais de 1.784 aulas ao longo do ano, a ação também promoveu encontros extras das demais disciplinas e aulões preparatórios.

Atendimento

Com o sucesso e as boas experiências vivenciadas durante a primeira edição, o projeto abriu novas vagas neste ano. Até o momento, são 41 polos (escolas que recebem os encontros de reforço), divididos em 34 municípios, de Norte a Sul do Estado. A estratégia tem como objetivo garantir a participação de alunos das 78 cidades capixabas, democratizando o acesso.

Em 2017, são mais de 2 mil alunos da rede. O foco, assim como no ano anterior, é fortalecer os conhecimentos que os estudantes adquirem em sala de forma dinâmica e voltada para o Enem. No geral, os encontros acontecem dois dias por semana, sendo um deles apenas para tratar questões de Redação (40 horas/aula) e Matemática (40 horas/aula), e o outro para as demais disciplinas (56 horas/aula).

Mais chances

De acordo com a coordenadora do Pré-Enem Digit@l na Sedu, Débora Maranhão, a proposta é garantir um espaço extra para os estudantes que vá além dos momentos vividos nas aulas regulares nas escolas. O resultado disso, segundo ela, é ampliação das chances de ingresso no ensino superior por meio de boas notas no Enem, objetivo que tem sido alcançado.

“É extremamente gratificante, porque sabemos que temos em nossa rede muitos alunos com interesse em seguir os estudos, mas que precisam de uma motivação para acreditarem que podem avançar. O Pré-Enem faz isso. Além das aulas de reforço, trabalhamos muito com os nossos professores e coordenadores para incentivar e mostrar oportunidades”, relatou.

No segundo semestre de curso de Agronomia, Gustavo confirma que as informações e os conhecimentos adquiridos ao longo do projeto ajudaram na nota obtida. “Ele me abriu as portas e a mente para entender o que é o Enem. Ter passado no Ifes foi uma felicidade imensa, que me deixou com lágrimas nos olhos ao ver o resultado”, relembra.

Aproveitando essa nova experiência, Girlene quer que outros jovens tenham essa mesma chance. Por isso, incentiva a participação no projeto para que a história de sucesso vivida por ela se repita em outras casas. “Eu recomendo e sempre digo isso a quem quiser. A minha irmã mais nova está agora no 2º ano e eu falo para ela ficar de olho, agarrar essa oportunidade e qualquer outra que surgir”.

FOTO: Divulgação / Esesp

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