31/05/2017 08h03 - Atualizado em 31/05/2017 09h17

Nova disciplina no currículo das escolas públicas do Estado

Estudos indicam que o desenvolvimento de competências socioemocionais, como colaboração e resiliência, é fundamental para apoiar os estudantes com os desafios da vida no século 21, além de melhorar o desempenho escolar. E para promover a incorporação da educação socioemocional à política educacional na rede pública de ensino do Estado, na manhã de ontem, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) e o Instituto Ayrton Senna assinaram um termo de cooperação técnica, lançando uma parceria pioneira no Brasil.

A assinatura foi durante o Encontro de Gestores da Rede Estadual e das Redes Municipais, cujo objetivo foi socializar informações sobre programas estratégicos, como Desenvolvimento de Competências e Habilidades Socioemocionais e Pacto pela Aprendizagem no Espírito Santo (Paes).

As competências socioemocionais incluem um conjunto de habilidades como responsabilidade, colaboração e resiliência, entre diversas outras, importantes para que os estudantes saibam lidar melhor com suas emoções, relacionar-se com os outros e alcançar objetivos na vida. Diversos estudos indicam que o desenvolvimento dessas habilidades pela escola são um importante caminho para impulsionar os resultados escolares e, ao mesmo tempo, promover as aprendizagens necessárias para enfrentar as complexidades do século 21, formando crianças e jovens mais protagonistas e bem preparados para explorarem seus potenciais, se inserirem plenamente no mundo do trabalho, da cidadania e das relações sociais.

Por isso, o Governo do Estado pretende incorporar a educação socioemocional à política educacional em sua rede pública de ensino, com a união de esforços e competências entre os parceiros, e o Instituto Ayrton Senna concederá o apoio técnico necessário para a execução do projeto, aportando seu conhecimento de forma a facilitar o cumprimento das demandas, indicando as metodologias que serão adotadas e como garantir que os professores tenham a formação adequada.

O Espírito Santo planeja ser um dos primeiros estados brasileiros a incorporar o desenvolvimento socioemocional de forma estruturada na rotina da sala de aula.

“Precisamos produzir uma educação de excelência para todos. Essa parceria é um ponto de partida de discussão da reforma do currículo das escolas do estado. Temos um currículo que muitos municípios usam como referência, mas que precisa ser repensado para inserir as competências socioemocionais, e de forma intencional. Precisamos cuidar bem dessa dimensão, pois dessa forma a própria aprendizagem terá avanços. Queremos ser vanguarda nisso”, destacou o secretário de Estado da Educação, Haroldo Rocha.

De acordo com a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, a educação precisa dar um “salto quântico” que a tire do século 19 e a leve para o século 21. Para isso, as escolas devem ir além do desenvolvimento cognitivo, que é ensinar a ler, escrever, fazer contas e conhecer os conteúdos disciplinares e preparar os estudantes de forma realmente plena, o que também envolve o desenvolvimento socioemocional. “Hoje, já existem diversas evidências que nos permitem compreender o impacto que as competências socioemocionais têm não apenas na formação das estudantes, mas também no sucesso futuro deles”, afirma. “Com base nessas informações, os gestores de educação poderão fazer escolhas e tomar decisões melhor embasadas para lidar com esse grande desafio qualitativo de nossa educação e que passa pela construção de currículo, formação de professores e implementação de políticas públicas", complementa.

O Instituto vai aportar seu conhecimento em quatro grandes temas relacionados com a educação socioemocional: definição do currículo, seleção das metodologias a serem utilizadas, programas de formação de professores e definição do sistema de monitoramento. Ele realizará uma assessoria técnica incluindo, entre as atividades, workshops, oficinas, palestras, rodas de conversa e documentos a serem produzidos, com o objetivo dar intencionalidade no trabalho das habilidades socioemocionais na rede de escolas públicas do Estado. Além disso, também realizará visitas às escolas e às diretorias regionais de ensino, para emissão de orientações cabíveis para o atingimento das metas estabelecidas.

Com uma longa trajetória de produção de conhecimento e experiência no desenvolvimento das competências socioemocionais para a promoção da educação integral no país, o Instituto Ayrton Senna há mais de dez anos vem formando gestores e educadores para que esses profissionais possam trabalhar com desenvolvimento dessas habilidades na sala de aula, em diferentes projetos construídos em parceria com diversas redes públicas brasileiras.

Encontro de Gestores

O Encontro de Gestores da Rede Estadual e Redes Municipais contou com a participação de aproximadamente 500 gestores, entre diretores das unidades escolares da rede estadual e secretários e técnicos das secretarias municipais de Educação de todo o Estado.

Durante o evento, a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, e o professor titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna no Insper e coordenador do Núcleo Ciência para Educação, Ricardo Paes de Barros, fizeram uma palestra sobre “Como educar no/para o Século XXI?”.

À tarde, o secretário de Estado de Educação do Ceará, Idilvan Alencar, e o professor e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Fernando Abrucio apresentaram o regime de colaboração Estado-Municípios: o case do Ceará.

Diante da experiência exitosa e da atitude de colaboração do Estado do Ceará, após o pedido formalizado pela Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo, o Pacto pela Aprendizagem no Espírito Santo (Paes) foi criado e conta com o apoio técnico do Governo do Estado do Ceará, que envolve compartilhamento de metodologias e materiais já consolidados e que resultaram em ganhos significativos na aprendizagem dos alunos.

“Essa experiência que o Espírito Santo está trazendo do Ceará é muito importante, pois sem a colaboração entre estado e municípios não há avanço na educação. Primeiro porque o 1º ciclo do Ensino Fundamental está concentrado na rede municipal, e esses alunos ingressam para o segundo ciclo, havendo uma transição para a rede estadual, assim como para o Ensino Médio. Com o compartilhamento do foco, é muito mais fácil atingir os resultados esperados. Apenas dois estados estão fazendo esse trabalho: Ceará e Espírito Santo. No Ceará, a meta mobilizadora é alfabetizar todos os alunos na idade certa, assim os resultados virão naturalmente. A solução para o Brasil para a educação básica é um regime de colaboração entre estados, municípios e escolas, com apoio do governo federal, constante e regularmente pactuado. O regime de colaboração dissemina conhecimento e, além disso, também deve envolver as comunidades”, ressaltou Fernando Abrucio.

Além das palestras, houve também uma roda de conversa sobre os desafios da colaboração e do desenvolvimento das habilidades não cognitivas na educação básica capixaba, momento em que os gestores da rede estadual e dos municípios capixabas puderam apresentar suas visões sobre o tema.

FOTO: Pedro Dutra / Secom-ES

(Os textos publicados são produzidos pela Rede de Comunicação do Governo do Espírito Santo)

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