Uma equipe de extensionistas e pesquisadores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) visitou todo o processo produtivo do café da Colômbia, reconhecido mundialmente por sua elevada qualidade. Além de visitar propriedades rurais, cooperativas e instituições de pesquisa, os profissionais do Instituto conheceram o trabalho de controle biológico da broca do café.
A visita técnica ocorreu entre os dias 11 e 18 de dezembro e a equipe técnica do Incaper conheceu desde viveiros e bancos de germoplasmas ao processamento do produto com foco na qualidade. “Durante a visita, compreendemos como ocorreu a evolução da cafeicultura colombiana, que em seis anos, aumentou a produtividade de 10 para 15 sacas por hectare. Nesse país, o parque cafeeiro tem sido renovado. Enquanto 80% das lavouras estão em fase de produção, o restante passa por um processo de renovação. Também estão começando a introduzir novas variedades de café, tolerantes à ferrugem”, contou o extensionista do escritório local do Incaper de Brejetuba, Fabiano Tristão, que visitou o país.
Ele também disse que a Colômbia pode ensinar bastante à cafeicultura capixaba. “Temos muito a aprender com o planejamento estratégico dos colombianos, focado na renovação do parque cafeeiro, produção de cafés especiais e na sustentabilidade. Os colombianos possuem também uma excelente estratégia de marketing dos cafés. Porém, temos muito a ensiná-los, já que o Espírito Santo possui no Programa Renovar Arábica uma base tecnológica muito eficiente focada em cultivares tolerantes à ferrugem, adensamento, manejo da nutrição e manejo integrado de pragas e doença”, destacou o extensionista.
Sustentabilidade - Na região colombiana visitada, há em torno de 560 mil cafeicultores que produzem café em uma área de 940 mil hectares. Dessa forma, cada propriedade possui, em média, menos de 2 hectares. A agricultura é de base familiar, com plantios em altitudes de 1.200 a 1.800 metros. Em torno de 40% do cultivo é feito em sistema de sombreamento ou sombra parcial (café com árvores) e 60% a pleno sol. Em torno de 80% das lavouras são consideradas tecnificadas e a produção é de 14 bilhões de sacas anuais, segundo a Federação Nacional dos Cafeicultores (FNC).
“A Colômbia prioriza a qualidade também por uma questão de necessidade, pois as áreas de produção de café são muito pequenas. A colheita é feita obrigatoriamente de forma seletiva, com predominância em duas épocas por ano. Destaca-se a produção com sustentabilidade e o cuidado com o meio ambiente. Em 10 anos, a Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia pretende que 100% da produção de café seja feita de forma sustentável, com certificação”, falou o extensionista do Incaper Lúcio Herzog De Muner, que também esteve na viagem técnica.
De Muner afirmou que a produção do café colombiano valoriza aspectos relacionados à biodiversidade. “Nos plantios de café podem ser observados pequenos animais e aves, o solo é bem conservado e a erosão é de difícil observação. Predomina o sistema de roçada para o controle de ervas”, contou.No que se refere à atividade de extensão rural, há em torno de 1.500 extensionistas que atendem às famílias produtores de café. A média é de três a cinco profissionais por município, evidenciando uma abrangência considerada excelente.
Patrimônio cultural - Desde 2011, a Unesco declarou a paisagem cultural do café da Colômbia como Patrimônio Mundial. “O café é mais do que um produto. É uma cultura. O Espírito Santo tem tudo isso, mas precisamos valorizar mais essa atividade nos aspectos históricos e turísticos”, explicou Lúcio.
Segundo De Muner, a cafeicultura arábica capixaba tem avançado muito, tanto na produtividade, quanto na qualidade, sendo que cerca de 30% da produção de café arábica do Estado é de qualidade superior, conforme metas do Programa Renovar Arábica. “Esses resultados são fruto de um trabalho intenso do Incaper com as instituições parceiras. Acreditamos que estamos no caminho certo!”, disse Lúcio.
No entanto, ele destaca os desafios para o setor. “Precisamos avançar muito rumo à sustentabilidade, na implantação do Currículo Mínimo, tornando operativa a sustentabilidade nas propriedades cafeeiras. É necessário implementar a sustentabilidade por meio de ações efetivas, como o crédito rural orientado e acompanhamento das propriedades pelos extensionistas”, falou Lúcio.
Projeto - A viagem técnica à Colômbia foi financiada pelo projeto “Transferência de Tecnologia para a Cafeicultura Sustentável no Estado do Espírito Santo”, fruto de um convênio entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Café e o Incaper. Por meio desse projeto, já foram capacitados 100 extensionistas do Instituto em boas práticas agrícolas e 60 na área de conservação de água e solo.
Como desdobramentos de ações referentes à sustentabilidade na cafeicultura, em torno de 500 cafeicultores foram beneficiados em 2016 por meio dos cursos “Produtor Informado”, que visam capacitar cafeicultores de Conilon e Arábica interessados em melhorar a gestão de suas propriedades e a qualidade do seu café.
Esses cursos são uma parceria do Incaper, por intermédio da P&A Marketing, com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e a Plataforma Global do Café, com apoio da Fundação de Desenvolvimento Agropecuário do Espírito Santo (Fundagres) e o Incaper.
Durante a visita técnica, além dos extensionistas do Incaper Fabiano Tristão e Lúcio Herzog De Muner, estiveram presentes os pesquisadores do Instituto Renan Queiroz e David Martins, e o engenheiro agrônomo da P&A, Silvio Padilha.
FOTO: Divulgação / Incaper
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