No Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos, comemorado ontem (27), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio da Central de Transplantes, fez uma homenagem a famílias que autorizaram a doação de órgãos de seu ente querido, possibilitando, com esse gesto, que outras pessoas pudessem continuar vivendo e adquirissem mais qualidade de vida. A solenidade contou com a presença não só de famílias doadoras, mas também de pacientes transplantados e profissionais de saúde. Na ocasião, as famílias doadoras foram homenageadas com um certificado de menção honrosa.
O ponto alto da solenidade foi o encontro promovido entre um pai que doou as córneas do filho com a jovem que recebeu a córnea direita do rapaz, e também da mãe que doou os órgãos do filho com as pessoas que receberam o coração, um rim e o fígado doados. O filho da aposentada Nair Costa Micaella, da Serra, Edson Costa Micaella, de 31 anos, morreu vítima de um aneurisma. Mesmo impactada com a notícia, a mãe decidiu autorizar a doação dos órgãos, ajudando, com esse gesto, seis pessoas no total.
O controlador de voo aposentado Sérgio Gomes da Silva, de 64 anos, recebeu o coração do filho de dona Nair. “Eu fiquei na fila para transplante quase um ano, mas já sofria do coração há 17 anos. Hoje eu estou muito bem, coisa que eu já não sabia mais o que era. Minha neta sonhava que um dia o vovô dela pudesse pegá-la no colo. Ela tem cinco anos e eu nunca conseguia, agora, já consigo. Se não fosse por esta família eu não estaria conversando agora. Eterna gratidão. Que Deus proteja muito eles e que dê um lugar muito feliz lá no céu para o filho dela, que se foi e me deu a vida”, comentou o receptor emocionado.
Além de Sérgio, outras pessoas que receberam órgãos do filho de dona Nair estiveram na solenidade e puderam agradecer pessoalmente. Foram doados o coração do Edson, as duas córneas, os dois rins e o fígado. “Estou muito alegre de saber que um pedacinho do meu filho está nessas pessoas. Acho que isso vai me ajudar a lidar com a minha dor de perdê-lo. Eu não esperava isso. Ele falava às vezes comigo: ‘já pensou, mãe, a pessoa estar para morrer e de repente alguém doa um órgão? Imagina a gente saber que está salvando alguém, mãe? É só através do amor mesmo’. Então, tenho certeza de que meu filho está muito bem. Ele tinha muito amor. Vou pedir muito a Deus para dar a essas pessoas muitos e muitos anos de vida”, disse entre lágrimas a aposentada.
O secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, prestigiou a solenidade. Na avaliação dele, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um sistema generoso e solidário, que entrega serviços e promove valores. “Em que outra área, além da Saúde, se vê algo assim com tanta frequência? Aqui mesmo estamos comemorando os resultados do SUS. Estamos vendo pessoas beneficiadas por transplante de órgãos, procedimento que é realizado pelo SUS. Outro dia eu estava em um evento de doação de leite. Mães doando leite para ajudar outras crianças. O SUS é isso”, argumentou Oliveira.
Também marcaram presença na solenidade o deputado estadual Hércules da Silveira, presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), a subsecretária de Estado da Saúde Engre Tenório, e a equipe da Central de Transplantes.
Recusa familiar
A coordenadora da Central de Transplantes do Espírito Santo, Raquel Duarte Corrêa Matiello, comenta que o índice de recusa familiar no estado é o principal empecilho ao avanço dos transplantes. De janeiro a agosto de 2017, dos 176 pacientes falecidos que estavam aptos a ter seus órgãos captados, 51 não puderam doar porque a família, que é quem autoriza a doação, recusou.
Considerando que cada receptor recebe um único rim e que cada paciente desses 51 doasse os dois rins, 204 pessoas a mais poderiam ter sido beneficiadas caso essas famílias tivessem dito “sim” para a doação, diminuindo, dessa forma, a fila de espera pelo órgão, atualmente com 968 pessoas.
“Diante desse cenário, é importante continuarmos discutindo esse tema com a população para incentivarmos as pessoas que apoiam este ato de amor ao próximo a conversarem com suas famílias e enfatizarem sua vontade de ser doador de órgãos. Será muito mais tranquilo para os familiares tomarem a decisão de doar se souberem da vontade do ente querido”, comentou a coordenadora da Central de Transplantes, Raquel Duarte Corrêa Matiello.
FOTO: Divulgação / Sesa
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