O poeta Jorge Elias Neto vai lançar seu mais novo livro “O ornitorrinco do pau oco”, publicado pela Editora Cousa. A noite de autógrafos será hoje, a partir das 19 horas, na Biblioteca Pública Estadual, em Vitória. A última parte da obra – que reúne 49 poemas inéditos – dá título ao livro. Além deles, traz também poemas de suas três primeiras obras: Verdes versos (2007), Rascunhos do absurdo (2010) e Os ossos da baleia (2013). Em seu conjunto, abrange uma produção poética que estende por 17 anos, de 2000 a 2017.
Na parte que cabe às três obras anteriores, Jorge traz de volta apenas àqueles poemas que considera seus preferidos. Os que, de algum modo, dialogam com a visão do “ornitorrinco”, presente neste novo volume. Embora tenha revisitado muito tempo depois (e com novos olhos), o autor optou por não alterar em nada os poemas. “Creio que o poeta que os escreveu já não é mais o mesmo. Seria uma ‘traição’ ao momento de criação e publicação. Trabalho o poema e, depois de impresso, não altero mais nada. Salvo algum detalhe de pontuação”, afirma.
Abre o livro uma ilustração de Felipe Stefani: um homem, com seu braço esquerdo elevado (um poeta, talvez, a declamar?); de dentro dele, rasgando-lhe o ventre, o ornitorrinco vem à luz. Ser estranho, híbrido e raro, o ornitorrinco é o poeta – que carrega consigo o estranhamento de tudo ao seu redor. É o poeta em desconstrução buscando entender sua irrelevância relativa nesta vida.
Sobre o poete
Médico cardiologista, ou “eletricista do coração” – como gosta de se apresentar –, Jorge Elias Neto direciona seu olhar para o mundo sempre em busca da poesia das (e nas) coisas. É assim que vive o seu cotidiano, com um olhar sensível a captar pequenas nuances que, em geral, nos escampam diariamente; sobretudo neste tempo, o presente tomado pela “balbúrdia multimidiática”, arrastado pelo efêmero, apressado e egocêntrico.
“A ideia do ornitorrinco me ocorreu após a escrita de Glacial (publicado em 2014). Busquei definir o que seria um poeta com um traço mais existencialista, ligado às questões ambientais, que conservasse algum traço do campo em meio ao urbano. E me veio a figura do ornitorrinco que abre seu peito… e daí, o santo do pau oco, com todas as suas nuances de interpretação”, arremata o poeta.
FOTO: Divulgação
(Os textos publicados são produzidos pela Rede de Comunicação do Governo do Espírito Santo)