Trinta e cinco polvos de crochê, produzidos por internos da Penitenciária de Segurança Média I (PSME I), em Viana, foram doados, na última segunda-feira (04), para a Maternidade de Alto Risco do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra.
A entrega dos polvinhos foi realizada pelo diretor da unidade, Bruno Nienke Machado, e pelo interno Edwaldo Nunes de Morais, que representou o grupo de detentos que produziu os bichinhos de crochê, os internos participam do projeto Reabilitarte, desenvolvido na unidade prisional.
Feitos com linha 100% algodão, os polvinhos são usados de forma experimental em Unidades de Tratamento Intensivo Neonatais (UTINs). A técnica surgiu na Dinamarca.
No Hospital Dr. Jayme, os polvinhos são usados com os bebês da UTIN e da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN).
A médica neonatologista Bruna Ogioni, que atua na Maternidade do Hospital Dr. Jayme, explicou que, embora não exista comprovação científica sobre os benefícios do uso da técnica, a experiência com os polvinhos de crochê tem sido positiva.
"Eles ajudam a manter o bebê em uma posição harmoniosa na incubadora e também evitam o estresse, acalmando os bebês".
A médica ressalta que o uso dos polvinhos é só mais um aliado na recuperação dos bebês, mas que não substitui o Método Canguru, em que os pais têm contato pele a pele com os recém-nascidos prematuros.
Satisfação
O interno Edwaldo Nunes de Morais, 59 anos, que participou da entrega dos polvinhos à Maternidade e é um dos instrutores do projeto Reabilitarte, contou que todos os internos ficaram muito satisfeitos em poder contribuir com os bebês, produzindo os polvinhos.
"É uma oportunidade muito legal. Poder fazer parte de uma ação com um objetivo maior como esse faz com que eu me sinta útil. Fiquei emocionado vendo os bebês com os polvinhos aqui na Maternidade. Nos dedicamos muito para deixá-los perfeitos para os bebês e a satisfação de ver esse resultado é muito grande", disse Edwaldo.
Larissa Machado de Araújo, mãe de Leonardo, de cinco meses, que está internado na Maternidade do Hospital Dr. Jayme Santos Neves, ficou encantada com os polvinhos.
"Meu filho nasceu prematuro, com 26 semanas e 710 gramas e o polvinho tem sido muito bom para ele, sinto que ele fica mais calmo. Achei muito bonita essa ação dos internos, de fazerem algo pelas crianças. É uma forma de eles pagarem pelos erros que cometeram e ajudarem a sociedade".
O diretor da Penitenciária de Segurança Média I, Bruno Nienke, ressalta que a produção dos polvos de crochê continuará a ser realizada na unidade.
"Essa foi a primeira doação que fizemos. Agora que os internos já aprenderam a técnica e já estão familiarizados com as especificações da produção dos polvos eles vão confeccionar mais unidades para podermos doar a mais bebês".
Reabilitarte
Atualmente, 50 detentos participam do projeto Reabilitarte, voltado a internos acima de 50 anos ou que têm algum problema de saúde. Uma artesã voluntária e internos que têm experiência com artesanato atuam como instrutores dos internos que participam da iniciativa.
Desses, 20 estão trabalhando na confecção dos polvos de crochê. O material usado na produção é doado por parceiros como voluntários que prestam assistência religiosa na unidade e servidores do sistema prisional.
Nessa iniciativa, os detentos também produzem peças como tapetes, redes, bolsas, jogos de banheiro, redes e roupas.
O objetivo do projeto é melhorar a autoestima e a qualidade de vida dos internos, estimulando o desenvolvimento da criatividade, da percepção e da memória e proporcionando um ambiente terapêutico. Além disso, as peças produzidas pelos detentos são entregues aos familiares para serem vendidas, contribuindo para a geração de renda.
Os detentos que atuam no projeto são beneficiados com a remição da pena. A cada três dias trabalhados, um é abatido da pena a ser cumprida.
FOTO: Divulgação / Sejus
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