O Arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela recebeu, na manhã de ontem, no Palácio Anchieta, a Comenda Jerônimo Monteiro. Em sua fala, Dom Luiz agradece a homenagem e conta um pouco sobre sua trajetória. Confira!
"Sinto-me honrado com esta Comenda que tem um significado muito especial no Estado do Espírito Santo. Ao ser escolhido como um dos privilegiados a esta distinção, vem ao meu coração três lemas que ditam a minha vida.
O primeiro conheci quando tinha 18 anos e estava iniciando o itinerário de consagração total da minha vida a Deus na Igreja que tanto amo; “Mihi Labor proximo utilitas, Sacris Cordibus Iesu et Mariae, Honnor et Gloria”! (Para mim o trabalho ao próximo o proveito e aos Sagrados Corações, honra e Glória). Este lema me faz lembrar, agora, o lema do Estado do Espírito Santo “Trabalha e Confia”. Sou capixaba há 32 anos.
Aprendi na Congregação dos Sagrados Corações,; a quem tanto devo a minha formação humana, espiritual e apostólica, a dar a minha vida totalmente a Deus na Igreja, com o chamado que Deus fez a esta família à qual pertenço, de contemplar, viver e anunciar o amor redentor de Jesus Cristo, vivido de maneira exemplar por Maria sua Mãe. Os corações de Jesus e de Maria estão gravados no distintivo dos Sagrados Corações como síntese da consagração e missão desta família religiosa. Em suma, a minha vocação é para proclamar a todas as pessoas de boa vontade que Deus é amor e cheio de misericórdia. Nesta família, chamada a reparar e anunciar o amor de Deus, servi num período de 17 anos, quando surpreendentemente fui convocado a ser bispo, pelo saudoso Papa João Paulo II, hoje elevado às honras dos altares, santo da Igreja, com quem tive a oportunidade de dialogar algumas vezes a serviço da Igreja. O Papa João Paulo II que pisou este chão do Estado do Espírito Santo, homenageado por esta Igreja Particular, na estátua que se encontra na Praia do Canto, na subida para o Centro de Formação da Arquidiocese de Vitória, e onde o Santo Padre ficou hospedado.
O segundo ponto foi quando, eleito em 3 de dezembro de 1985 e sagrado aos 22 de fevereiro de 1986, iniciei o serviço do episcopado como pastor da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim com o lema: Pastor Gregem Pascet. Sobre este lema, nas lindas terras do sul do estado do Espírito Santo, de onde é natural o homem que deu nome à comenda que agora recebo, nessa diocese dinâmica, servi por 17 anos. E, mais uma vez, fui surpreendido por Sua Santidade, o Papa João Paulo II, que me nomeou Arcebispo de Vitória do Espírito Santo. Aqui me encontro há 15 anos.
O terceiro ponto foi o novo e continuado lema que assumi “Ut Pastor Pascet”. Um novo campo de trabalho e de serviço na Igreja de Deus com o mesmo lema, talvez um pouco mais atrevido: “Apascentará como o Pastor”.
E, justamente no ano em que celebro 50 de sacerdote, presbítero da Igreja, sou agraciado com a Comenda Jerônimo Monteiro, nome de um dos governadores deste dinâmico Estado e irmão do 2º bispo da então diocese do Espírito Santo.
Sinto-me deveras honrado, senhor governador, porque vejo nesta homenagem um gesto que não mereço, mas sei que a Igreja Católica Apostólica Romana, tem seu grande mérito. Igreja que teve grandes líderes religiosos com os quais o senhor conviveu no passado, como Dom João Batista da Mota e Albuquerque e o querido Dom Silvestre Luiz Scandian, um dos três bispos que me sagraram bispo. Igreja que busca seguir as orientações do Papa Francisco que, ao instituir o Dia do Pobre, escolheu a frase da 1ª Carta de São João (3,18): "Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade".
O mérito não é meu, senhor governador, é de todos esses irmãos e irmãs que acompanham com amor os sem teto, os sem moradia, sem trabalho... dentro da nossa pobreza, porque como sempre digo, a Igreja Católica tem patrimônio, mas falta-lhe dinheiro para socorrer tanta gente necessitada.
E aproveito, senhor governador, para agradecer de coração sua generosa atenção para com a Fazenda Esperança, aplicando um recurso significativo para que, em Brejetuba, possamos através da Fazenda Esperança, acompanhar jovens e adultos dominados pelo problema das drogas em geral. Todos sabemos o que significa a dor dos pais, das famílias envolvidas nesses problemas, só o amor através da Palavra de Deus pode libertar tantas pessoas escravizadas, dominadas por este mal de nossos tempos.
Por isso, eu lhe agradeço senhor governador e digo-lhe com tranquilidade, a Igreja Católica está consciente que na sua pobreza, mas a serviço do amor, está disposta a contribuir com todas as pessoas de boa vontade na construção de uma sociedade justa e fraterna.
Tenho para mim que na questão da Fazenda Esperança, o Governo do Estado e a Igreja Católica são parceiros.
Termino agradecido, em nome da Igreja de Vitória do Espírito Santo, e peço a Deus que derrame seu Espírito sobre o senhor e todos os seus secretários para que nosso povo seja sempre bem servido.
Trabalha e Confia, diz o lema deste nobre Estado, “Mihi Labor proximo utilitas, Sacris Cordibus Iesu et Mariae, Honnor et Gloria”!
Trajetória
Natural de Pouso Alto, em Minas Gerais, Dom Luiz chegou ao Espírito Santo há mais de 30 anos, quando se tornou Bispo de Cachoeiro de Itapemirim. Em 2003, assumiu a Arquidiocese de Vitória, onde permanece até hoje. No mês passado, anunciou que a Festa da Penha deste ano foi a última que atuou como liderança da Igreja Católica no Estado. No ano passado, ele já havia anunciado que deixaria o cargo. No entanto, o sacerdote explicou que ainda precisa de uma aprovação do Vaticano para que deixe o comando da Arquidiocese de Vitória.
FOTO: Leonardo Duarte / Secom-ES
(Os textos publicados são produzidos pela Rede de Comunicação do Governo do Espírito Santo)